Os interesses de cada grupo
GOVERNOS
🇧🇷 Brasil: Lula busca ampliar influência geopolítica ao construir um grupo para negociação conjunta no acordo do clima. Está na mesa a proposta de países amazônicos adotarem meta conjunta de combate ao desmatamento, mas ainda há tabu em outros temas, como exploração de petróleo na região.
🇨🇴 Colômbia: Colômbia é uma potencial aliada do Brasil na proposta de frear o desmatamento ilegal até 2030, mas abriga um lobby do petróleo interessado em reservas na floresta. O presidente Gustavo Petro prometeu barrar o avanço do petróleo na floresta, porém, posição menos bem aceita pelos brasileiros.
🇵🇪 🇧🇴 Peru/Bolívia: Peru e Bolívia, países andino-amazônicos, abrigam grupos interessados em explorar petróleo e minério na floresta, mas têm pressão do agronegócio menor que no Brasil. Pode lhes interessar entrar em bloco nas negociações de clima. A questão indígena é delicada, porque os povos ali não têm direito à terra previsto em constituição, apesar de existir titulação de terras.
🇸🇷 🇪🇨 Suriname/Equador: Dois países que abrigam partes pequenas da Amazônia, Suriname e Equador, enviarão autoridades de segundo escalão à cúpula, sinal de que não buscam envolvimento em questões mais delicadas na região. Lasso, presidente do Ecuador, alegou questões internas para se ausentar.
🇫🇷 França: Com território na Guiana Francesa, a França foi convidada, mas também terá um enviado de segundo escalão a Belém. A Amazônia interessa à Europa, que quer espaço para negociar compensação por emissões de carbono e ameaça impor barreiras comerciais a produtos de áreas desmatadas. Alemanha e Noruega, principais doadores do Fundo Amazônia, também estarão presentes.
🇻🇪 Venezuela: A Venezuela tem na cúpula a chance de retomar alguns laços diplomáticos e vê em Lula um aliado para diminuir o isolamento do país de regime ditatorial. Maduro não tem interesse econômico imediato na floresta, e está mais preocupado em recuperar caminhos para escoar petróleo.
SOCIEDADE CIVIL
🌳 Ambientalistas: ONGS cobram metas rígidas para desmate zero e pedem limites à mineração/garimpo em áreas protegidas, além de uma moratória contra a exploração de petróleo na região. Também pedem incentivos à economia sustentável, criação de mais unidades de conservação e proteção de ativistas e povos da região.
🪶 Indígenas: Organizações indígenas chegam à cúpula em protesto contra falta de representatividade e protagonismo. O grupo cobra dos governos mais compromisso no avanço de reconhecimento territorial, proteção contra mineração em terras ancestrais e mecanismos de proteção aos povos isolados, para prevenir violações de direitos humanos.
🔬 Cientistas: Setores acadêmicos pedem um compromisso para o fim de desmate, degradação, queimadas e garimpo ilegal, para evitar que a Amazônia atinja um “ponto de não retorno” em que se torne incapaz de sobrerviver por conta própria. O grupo defende um projeto amplo de incentivo para a bioeconomia na região.
SETOR PRIVADO
🚜 Agronegócio: A pecuária é a atividade que mais derruba mata hoje, seguida da soja. O agronegócio pressiona para que leis contra o desmate sejam menos rígidas e abram brecha para anistiar mais terras devastadas. Parte do grupo, porém, teme retaliações comerciais, e vê com bons olhos o aperto na fiscalização.
⛏️ Mineradoras: A Amazônia tem várias jazidas inexploradas de minério, muitas delas hoje dentro de unidades de conservação e terras indígenas. Mineradoras cobiçam licenças para explorar esses territórios e fazem lobby contra criação de novas áreas protegidas. O garimpo ilegal também tem lobby, mas não deve se expor na cúpula.
⛽ Petrolíferas: A indústria do petróleo almeja reservas na floresta, mas enfrenta resistência, não só pelo impacto local da atividade, mas porque combustíveis fósseis agravam a crise do clima. O setor terá um nome de peso em Belém: Ahmed Al Jaber, CEO da estatal de petróleo dos Emirados Árabes, e presidente da próxima Conferência do Clima na ONU.