Mesmo com as perdas já consolidadas nas lavouras de milho plantadas no cedo devido à alta umidade, a safra gaúcha de milho poderá ultrapassar as 5 milhões de toneladas na safra 2023/2024. A projeção é da consultora da StoneX, Silvia Bampi, que participou do 15° Fórum do Milho, nesta segunda-feira, na Expodireto Cotrijal. “Sabemos que tivemos problemas, mas temos produtores que estão colhendo entre 140 e 150 sacas por hectare”, detalha. Se confirmado, o número será 34,4% maior que as 3,28 milhões de toneladas da safra anterior e 55% maior que as 2,25 milhões de toneladas de 2021/22. “A gente perdeu muito potencial nos últimos anos no Rio Grande do Sul, principalmente pelo avanço da soja, mas temos muito potencial ainda”, afirma.
A boa perspectiva, apesar do cenário baixista dos preços – dada a recomposição da oferta mundial do grão -, tem foco na relação de oferta e demanda interna. A oportunidade se dá, segundo Silvia, principalmente pela necessidade da matéria-prima pelas indústrias de etanol e de ração aninmal, principalmente com o crescimento da pecuária de corte intensiva na porção Centro-Norte brasileira. “O RS pode aproveitar este espaço que ainda está ocioso, mesmo com o Centro-Oeste respondendo pela esmagadora maioria da safrinha”, aponta.
Com o crescimento da oferta, Silvia também estima redução na necessidade de importação do grão. Além de diminuir custos de logística para indústrias gaúchas, um aumento de produção também aumentaria a capacidade de rentabilizar melhor a produção. “Se o preço cai, será possível exportar. Se o preço está bom, se vende para o mercado interno. E ainda haverá opção de trazer milho de fora, mas não tanto quanto é necessário agora”, avalia. De acordo com a consultoria, a projeção é que o RS importe 1,4 milhão de toneladas do cereal nesta safra. O número, se confirmado, será 55,55% menor que o de 2022/2023, de 3,15 milhões de toneladas, e três vezes menor que o do ciclo 2021/2022, de 4,2 milhões de toneladas.
O Fórum do Milho também foi palco para lançamento do primeiro modelo de predição de ocorrência da cigarrinha do milho no Rio Grande do Sul. Resultado de pesquisas da Rede Técnica Cooperativa (RTC) e da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), a ferramenta possibilita a antecipação quanto à disseminação da praga nas lavouras. O sistema funciona por meio da plataforma de gestão de cooperativas agrícolas gaúchas, a Smartcoop e foi concebido para complementar o monitoramento tradicional. A ferramenta tem como base o monitoramento das condições climáticas. “Compreendemos como este inseto se comporta e descobrimoss quando as condições estarão mais propícias ao seu aparecimento no campo. Assim, o produtor estará preparado quando ouver o pico populacional”, explicou o pesquisador da RTC/CCGL Glauber Stürmer.
CP
| Foto: Maria Eduarda Fortes