O número de vítimas fatais do devastador furacão Otis, no porto mexicano de Acapulco, subiu, neste domingo (29), para 48, depois de terem sido confirmadas mais cinco mortes em Coyuca Benítez, vizinha a Acapulco. Este é o primeiro balanço divulgado de municípios vizinhos à cidade portuária turística, com cerca de 780 mil habitantes e onde ainda são contabilizados os mortos e a maioria dos danos materiais.
O governo federal detalhou, em um comunicado, que o número de desaparecidos diminuiu para seis, depois de o estado de Guerrero, onde fica Acapulco, informar que eram 36. O ministério das Relações Exteriores informou que 263 estrangeiros que estavam na área portuária no momento da passagem do furacão foram localizados em segurança, incluindo 34 americanos, 18 franceses e 17 cubanos. Todos já deixaram Acapulco.
De acordo com a imprensa, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, sobrevoou a área do desastre e teve reuniões com as autoridades que coordenam a operação de auxílio à população. A contagem das vítimas tem sido lenta, pois o furacão colapsou os serviços de telecomunicações e energia elétrica, que são restabelecidos gradualmente durante o fim de semana.
Otis, que atingiu Acapulco na madrugada de quarta-feira como furacão de categoria 5, a máxima na escala Saffir-Simpson, também causou um rastro de destruição na cidade, que vive do turismo, deixando-a praticamente em ruínas. “Estamos avançando na distribuição da ajuda humanitária, em fornecer o apoio pertinente e avançar na restauração dos serviços”, escreveu Salgado na rede social X (antigo Twitter).
Depois da passagem de Otis, lojas e supermercados foram saqueados por moradores, desesperados por conseguir alimentos e água, embora também tenham sido registrados roubos de artigos diferentes. A ajuda do governo e de organizações privadas começou a ser distribuída na tarde de sexta-feira, depois de o aeroporto de Acapulco ser habilitado. O tráfego nas rodovias vem sendo restabelecido pouco a pouco.
No entanto, o processo é lento e em muitos setores, moradores pedem ajuda e se organizam para limpar os destroços de suas lojas e casas. “Não vimos nada das autoridades, venham nos ajudar”, disse à AFP Miguel Antraca, 60 anos, que foi a uma região de praia para ver o seu pequeno negócio em ruínas. Ele já passou por outros ciclones, mas nenhum comparado a este. “Isso é um desastre. Isso nunca aconteceu antes, os furacões foram menores”, diz.
Contrariando todas as previsões e quebrando recordes, Otis passou de uma tempestade tropical a um poderoso furacão de categoria 5 em cerca de seis horas, pouco antes de atingir a costa. Normalmente cerca de 24 horas são suficientes para que empresas, casas, hotéis fiquem protegidos e os moradores consigam comida e água, mas o ineditismo da velocidade desse furacão pegou meteorologistas e autoridades de surpresa.
Na mesma região, Eva Luz Vargas, 45 anos, juntou-se aos vizinhos para limpar a destruição. Às vezes, ela parece alegre, mas sua voz a deixa triste quando pensa no amanhã porque vende produtos para turistas e seu marido é pescador. “Queremos que o governo nos ajude porque a verdade é que está tudo muito feio”, afirma.
O governo federal contabilizou até a tarde deste domingo, mais de 273 mil casas, 600 hotéis e 120 hospitais com danos de diferentes níveis, enquanto 12 rodovias e ruas continuavam bloqueadas por destroços. O balanço acrescenta, ainda, que a energia elétrica foi restabelecida em mais da metade da cidade. Segundo a consultoria Enki Research, especializada em catástrofes naturais, Otis causou danos estimados em cerca de 15 bilhões de dólares (pouco mais de 75 bilhões de reais).
CP
Foto: Rodrigo Oropeza / AFP / CP