De acordo com o último boletim da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, publicado no começo desta semana, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central (região Niño 3.4) está em 0,4ºC. O valor estava no limite superior da faixa de neutralidade (-0,4ºC a +0,4ºC), depois de ter estado em +0,3ºC na semana anterior. É a oitava semana seguida em que a região do Pacífico Equatorial Centro-Leste se encontra com anomalias de temperatura do mar na faixa de neutralidade. Chama atenção que as anomalias de temperatura da superfície do mar nesta área do Pacífico Equatorial chegaram a 0,0ºC em meados de maio e desde então se elevaram até alcançar os 0,4ºC do boletim desta semana. As áreas mais frias que apareciam nas últimas semanas sumiram e surgiram vários pontos com temperatura do mar acima da média, o que é inconsistente com uma transição para La Niña no curto prazo.
Já o Pacífico Equatorial nos litorais do Peru e do Equador, a denominada região Niño 1+2, estava na última semana com anomalia da superfície do mar de -0,6ºC. Ou seja, o Pacífico Equatorial passa por resfriamento junto à costa da América do Sul. Esta é a oitava semana consecutiva em que esta parte do Pacífico apresenta anomalia de temperatura da superfície do mar abaixo da média, mas na segunda metade de maio as anomalias chegaram a -1,1ºC. Historicamente, resfriamento desta região do Pacífico junto aos litorais do Equador e do Peru durante o inverno tende a favorecer mais frio nos países do Prata (Argentina e Uruguai) assim como no Rio Grande do Sul. Já o efeito sobre a chuva é maior no verão quando há resfriamento deste setor do Oceano Pacífico.
NEUTRALIDADE VAI DURAR MAIS QUE O PREVISTO PELA NOAA
A tendência é que nas próximas semanas, considerando os valores de temperatura do mar do momento, as condições de neutralidade ainda persistam no Oceano Pacífico Equatorial, assim a MetSul Meteorologia não enxerga condições propícias para a declaração de um evento de La Niña no curto prazo. Conforme a mais recente estimativa do Centro de Previsão Climática (CPC) da NOAA, para o trimestre de julho a setembro, a probabilidade estimada é de 1% de El Niño, 34% de neutralidade e 65% de La Niña. Já no trimestre de agosto a outubro, 1% de El Niño, 24% de neutro e 75% de La Niña.
No trimestre de primavera, entre setembro e novembro, 1% de El Niño, 18% de neutro e 81% de La Niña. No trimestre de verão, entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, também 1% de El Niño, 18% de neutralidade e 81% de La Niña. Com base nas condições atuais do Pacífico, não será surpresa se a NOAA revisar as suas projeções, diminuindo a probabilidade de La Niña no trimestre que compreende a segunda metade do inverno, julho a setembro, e retardando a instalação de um evento do fenômeno.
Quase todos os modelos que integram o NMME (North America Multi-Model Ensemble), no gráficoa acima, indicavam o Pacífico Equatorial Centro-Leste com anomalias negativas neste começo de julho e alguns até em patamar de La Niña (abaixo de -0,5ºC), mas não é o que se observa nos dados reais diários, o que indica que os modelos não estão antecipando o cenário corretamente do Pacífico e as projeções de La Niña terão que ser revistas